Mar nosso

O vento pode trazer a tempestade
Mas o mar, trás-nos a aprendizagem


Shiuuu!
Adormece pequena,
Deixa que a brisa do sono te aconchegue quando perdida.
Sente como os meus braços te reconfortam a alma.
Olha-me, só mais esta vez…
Uma ultima vez
Vê, somos mais do que estes joguinhos de crianças…
Somos a tinta que corre acesa num pergaminho.
Somos sem sombra de vida, corpo e alma um do outro.
E eu sufoco com tudo isto, com o sonho de te ter perto…
Com o passado que um dia julguei tremendamente imperfeito.
Á quem diga que o mar é bonito e fácil de se tocar. Eu, inocente criança que voava por um ar descoberto, parti à descoberta desse mar que todos falavam. Que todos gabavam...
Julguei que já lhe tinham chegado
que já lhe tinham tocado...
Mas a verdade é que o deixaram para mim, para que eu fosse o primeiro a desflorar as águas ainda puras, ainda virgens de mentiras e falsidades.
Mas tu entras-te com as tuas facilidades, chegas-te a ele de pára-quedas e o mar queria fugir, mas nem ele é pequeno demais para conseguir esconder-se. E tu nadavas, tu contaminavas o meu ser, o meu coração com tudo aquilo que tinhas, com todas essas facilidades de entrar.
A verdade é que para mim chegar nunca foi fácil, nem chegar à vida, nem chegar a ti. A areia é imensa e as rochas ainda mais, cobertas pelo vento, pela nebulosidade que me encharca os olhos ainda cobertos de lágrimas.
A verdade é que chegar ao mar foi mais fácil do que chegar a ti. Não me importei de sofrer, larguei todos os que me pediam para não sair de casa. A mãe chorava, o pai gritava e eu segui, numa noite tão solta como densa. As ondas eram imensidão, o sal espumava-se quase nos céus. E eu embarquei no barco que construí para nós os dois. Eras quem eu mais queria encontrar, quem eu mais queria ver naquele dia. Os meus pés, já cansados, o meu corpo já desfalecido, olhavam, e ansiava ter-te.
Mas tu nunca paras-te para me ver. Nem mesmo quando as minhas velas partiram. Nem mesmo quando eu me estava a afogar vieste. Sentaste-te nessa tua rocha e não vieste ao meu encontro, não me deste a mão. Os remoinhos levaram-me quando o meu coração queria ficar. Por vezes, ficar é mais intenso do que partir, mas partir é menos doloroso do que ficar. Esqueceste-te que no amor não há julgamentos, que no amor não há limites. Limitaste-nos a algo mais, quando nós já éramos tanto.


 
 
Sempre que olho este mar e te vejo, dá-me vontade de voltar . Mas partir, é mais longe do que chegar.

Sem comentários:

Enviar um comentário