Finalmente abri os olhos, perante um sono medonho, inacreditável. Meditei, enquanto dormia um sono suavemente profundo. Tanto tempo dormi e meditei idiotamente em torno de um sono inútil,agora sei.
Logo vi que ia perder horas a mais. Desperdicei a vida para um sonho maluco (…)
E a verdade, e que nem em mim relembro o tempo que passei a dormir, aquela sesta infernal. Nem sei quantos sonhos sonhei, ou quantos deles transformei em pó.
Possivelmente nenhum…porque não sei se vale a pena sonhar, e ficar enforcado entre o sono e o sonho. Mas tenho ainda alguns “flashes” desse sono.
Sei que nele embarquei com um bilhete só de ida. Um bilhete para uma pequena almofada apertada contra o peito. E ainda não acredito, que fiz tal viagem sozinho. Mas também, poucos são os que gostariam de apanhar tal comboio. Ia, apenas ia…sem retorno, pelo ar. Desaparecia numa esquina nublada de um canto qualquer…e nunca voltava.
Não voltava pelo mar. Negava regressar pelo vento. Abdicava, tal como eu de voltar por coisa alguma. Mas parava, de viajar, quando o sol irradiava pela janela e me castigava os olhos semicerrados, acordando-me. Era o começo de uma paragem entre viagens. O começo de um novo dia…
E eu ansiava, procurava encontrar alguém…Mas quem?
O meu eco respondia que ninguém era tão lunático quanto eu para viajar para tais sítios irreconhecíveis.
E os anos fugiam, e davam ao eco total e plena razão. Nunca encontrei, nenhum passageiro naquele comboio…nunca ninguém foi tão breve como eu em viagens paralelas.
Mas encontrei, finalmente um sorriso distinto, de uma pessoa extremamente especial. Uma que me abraçou e acolheu, uma que sem medo acordou a meu lado, uma que me deu força para começar e acabar as minhas viagens, todos os dias…
E quando me sentia pequeno, reduzido, ridículo, era nessa pessoa que focava toda a minha atenção. E então sentia-me demasiado grande para o meu corpo. Sentia-me completo nos olhos que prometiam não esvaziarem nunca mais. Sentia o coração cheio, dentro de mim e com vontade de fugir com ela. E era talvez uma das melhores rotas para a minha futura viagem. Era uma viagem com retorno, em volta de uma simples felicidade. Era a rota mais aventureira que alguém poderia escolher. A rota do coração, denominei-a numa voz baixa, intima.
Porque afinal, não há nenhum sonhador nem nenhum viajante que não aspire ou busque a melhor aventura da sua vida. A aventura de sentir o coração de alguém bater no nosso peito. A aventura de dar o coração, sem medo de o ferir.
E quando o faço, sinto-me completo. E penso para mim…”Nunca fez tanto sentido parar de viajar sozinho…e começar, todos e quaisquer sonhos contigo”
Sem comentários:
Enviar um comentário