Perdido me encontro

Ter um amigo é tomar um café sozinho e estar acompanhado, andar pela rua e sentir que alguém te acompanha quando todos te parecem largar. Ter um amigo é pedir um capuccino sentado num cadeirão e ele esperar que dês o primeiro gole, escutar-te e esperar que te levantes. Porque um amigo espera por ti, pode não saber dizer o que tu queres ouvir, mas diz-te o que tu naquele momento tens de ouvir.
Um amigo não te ouve, um amigo escuta-te. Um amigo diz-te ‘‘não penses’’.
Um amigo faz-te não pensar.
Quando tu perdes tudo um amigo nunca se perde, ele fica lá, contigo, escuta-te do outro lado do telemóvel, chama-te pelo teu diminutivo, fala-te carinhosamente e dá-te o silêncio reconfortante que procuraste no vazio da noite da última vez que dormiste acompanhada e hoje dormes sozinha.
Um amigo fica contigo, faz-te sentir bonito, especial. Um amigo é um pedaço da tua alma, e quando nada parece fazer sentido, um amigo torna-se tudo aquilo que precisas.
Hoje caminhava pela água do mar,
Onde as ondas desvirginavam o seu sal numa explosão caótica a meus pés... Hoje caminhava por essa praia onde tantas vezes dormi a teu lado, onde tantas vezes desenhei o meu coração e escrevi que te amava... Hoje vi o pôr-do-sol sem ti, sonhei sem ti, sorri sem ti. Hoje vivi uma última vez sem ti, sem nós, sem tudo o que nos fazia sentir como únicos e genuínos. Hoje fui eu, sem mais ninguém. E no meio de toda a solidão apareceu alguém, com os pés secos e humildes que me proferiu, num tom de magia, a delicadeza de palavras amigas:
“Quero-te comigo, escuta”
Eu parava para escutar…não me cansava de escutar aquele silêncio misturado com o mar.
Tantas vezes fiquei sem saber o meu rumo, perdido perante as divergências da vida. Tantas vezes quebrava sem saber o motivo, desconhecendo a razão do meu vazio…teria algum dia sido mesmo teu, mar imenso?
Questionava-me, demasiado ate…pensava sempre no que não devia, desvanecia, desvairava, enlouquecia secretamente enquanto respirava o ar que me sugavas lentamente.
Porem alguém ficou, alguém não desistiu, e continuou por mim…para me manter de pé, original como sempre havia sido.
Sentia-me finalmente bonito, como sempre havia sido, mesmo quando o ego da vida ofuscava a minha beleza. Sentia-me livre, sentia-me finalmente com vontade de voar, sentia-me dançar com o meu interior.
Porque foi isso que eu sempre quis coração, dançar.
Dançar contigo frente a frente com o sol, dançar gota a gota com a chuva.
Mostraste que é possível haver pessoas tão grandes e bondosas com varias coisas em comum comigo, mostraste que há sempre um novo rumo, uma nova descoberta para desvendar.
Revelaste que ainda há alguém que me faça lutar para me manter sólido, que apesar de todos os “azares”, de todas as “partidas”, há alguém que chega e muda repentinamente e repetidamente toda a minha vida.

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