sonhar em branco

Neste momento não sei muito bem o que pensar…ou o que escrever. Apetece-me desenhar mas não tenho muito jeito. Gostava de ter precisão nas pontas dos dedos, de alcançar o infinito inalcançável. Tenho divagado muito. Sonhado demasiado com coisas de proporções gigantes, e que me limitam a visão. A visão que tive diariamente…a visão que tento preservar desde criança. Possivelmente não deves estar a perceber nada do que estou para aqui a escrever, assim como nunca entenderias as minhas imagens imperfeitamente imprimidas numa folha. Imagens traduzidas pelo pequeno lápis de carvão que tenho sobre as pernas. Não tenho coragem de arruinar esta folha. Prefiro deixa-la branca…para nela escrever com a cabeça o que me apetecer.
Posso aparecer ai agora a tua beira, se quiseres. Podíamos ir rumo as estrelas ou andar a beira-mar, gostavas?
Ou poderíamos sentar-nos num banco de jardim, a olhar um para o outro. Acho que ai poderia prender o destino da minha vida. Acredito que nesse momento poderia depositar nas tuas mãos o meu futuro.
A noite chegaria em breve, e com ela poderíamos passear ao luar.
E o luar, como é tão belo… mas não tão belo como os teus olhos, que me ofuscam, me desorientam… Eu sei que gostas de sonhar… sei que gostas de andar de mão dada comigo, nestas noites de breu, junto ao mar…
Desenhar o teu rosto, é como desenhar uma carícia no vento, desenhar o teu corpo coberto de luz, é como tentar tocar no sol…
E como é belo o teu cabelo, que dança com o vento, que é enfeitado pelas estrelas… Só sei que nesta folha branca, eu  imagino-te de 1001 formas, dançando sobre o mar. Imagino todas as palavras que te poderia sussurrar, e todas as melodias que te poderiam embalar nos meus braços… Que vontade tenho de encaixilhar esta folha branca, pendura-la e venera-la… Simplesmente para sonhar acordado, desenhar com o vento…
Abraçar todas as lembranças que me acompanham, neste momento. Senta-te comigo, vem ouvir o canto da noite, encosta-te a mim, e saboreia a maresia… Ficarei aqui contigo, neste banco de jardim… ou por outras palavras, nesta folha braca…

Escrito por: Fernando Pinto e Rita Lopes

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